segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Intensidade...


Esta é a melhor palavra para descrever o que sinto desde que cheguei.
A vida aqui é intensa. Não é nem pesada nem leve, não é dura nem calma, não é complicada nem simples…

É intensa, exactamente porque é uma mistura de todas estas coisas!
Intensidade nas relações que são próximas, no trabalho que é muito, na realidade que assusta e desafia, no dia-a-dia que é variado sem deixar de ser rotineiro, na distância que relativiza mas angustia...
Intensidade dos olhares e das vidas que aqui se vivem, intensidade no clima social e político do país, intensidade da sua história difícil de entender e contar...

sábado, 14 de agosto de 2010

Normalidade...



É estranho não conseguir escrever nada de "bonito" acerca deste mundo... Podia falar das crianças descalças, sujas e rotas que vejo todos os dias.. Podia escrever sobre a tristeza e a falta de esperança de quem cá vive.. Podia falar da fome, da falta de água potável, da inexistência de luz pública, da falta de higiene, dos buracos na estrada, dos militares a passear-se na rua com metralhadoras, das feridas que as crianças não curam, dos serviços que não funcionam, das casas destruídas pela guerra, da quantidade de pessoas deficientes que vejo todos os dias...
Gostava, no fundo, de escrever aqueles textos que nos transportam para as grandes reportagens da National Geographic ou do Discovery mas não consigo...
Tudo parece ser escrever sobre normalidades da vida aqui... tão normais que não têm nem história nem magia... O que levanta uma questão que me tem perseguido: Até que ponto é que as "coisas" do nosso dia-a-dia devem ou não ser consideradas "normais"?
É normal não haver água potável e luz eléctrica? É normal viver toda a vida sem uma meta, sem objectivos? Ou, pelo contrário, será normal ter luz e água potável e viver uma vida cheia de sonhos e objectivos?

Como dizia um professor meu, "depende"!

Depende do hemisfério e depende, obviamente, do termo de comparação. O meu/ nosso não corresponde sequer ao de um décimo do mundo... Por isso, será justo usarmos apenas o nosso? Por outro lado, não é perigoso achar qualquer uma das coisas que enunciei antes "normal"? Não soa a acomodação, a laxismo, a falta de visão...?

Este país põe-me a pensar...